quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Gostaria de poder parar o mundo e dele descer.


Aguardo ansiosamente sua chegada, meu filho. Sei que estás em algum lugar, à espera de uma ordem de Deus, para em meus braços descer.
Tenho tanto amor no meu coração, filho... Já és um bebê tão querido, tão desejado, que não haverá nada no mundo para impedir-me de amar-te.


Quem saberá as angústias, dúvidas, medos de uma aspirante à mãe?
Desejo tanto tê-lo em meu ventre... desejo tanto ser mãe, que espero ansiosamente pelos enjôos, pelas azias, pelas idas noturnas ao banheiro, pelas noites mal dormidas em razão do ventre distendido pela gravidez.
Quem entenderá um coração que já sente amor de mãe por um filho que nunca viu e que nem tem certeza se um dia existirá?
Aguardo, em um estado de espera doentio e doído, as angústias e dores do momento em que trarei ao mundo meu filho.
Quem se importa com estrias, com o peso excessivo, com as dores de amamentar, quando tudo que o que mais quer é ter em seus braços um pequenino ser a depender única e exclusivamente de vc por muito tempo.
Ninguém jamais entenderá a raiva que atravessa a alma, ao ver uma mulher a quem foi concedida a dádiva de tão facilmente gerar, reclamando de costelas comprimidas, dores nas costas e todas as demais dores de uma gestação.
Trocaria eu facilmente de lugar com ela...
Doida... é o que certamente dirá quem já passou por tudo e tudo isto sofreu, porque não há no mundo quem entenderá o desejo insano de ser... mãe... e não poder...
Será tão difícil assim, apagar os enjôos com a primeira mexida de seu bb? Apagar as azias com as primeiras imagens, distorcidas eu sei, em um exame de ultrasson?
Um filho... aquelas pequeninas mãos, pézinhos delicados e lindos, os cheiros, as roupinhas, os banhos... e no final do dia, ninguém o levaria de mim.
Seria o meu filho. O que, meu Deus, o leva a contemplar algumas mulheres com esta dádivas e a outras a negar?
O que, Senhor, eu poderia fazer para que também pudesse ter a divina sensação de ser... mãe...
Só tu, Senhor, conheces o amargor da minha alma. Só Tu, me vês agora em lágrimas e nesta tristeza sem fim
Estou abaixo do pó. Minha tristeza é tão intensa que se me fosse dado o direito de saltar da vida agora, certamente eu o faria.
Socorra-me, ó Deus. Acalma meu coração ou me tire desta terra, mas de alguma maneira tira-me este sofrimento, esta dor para a qual não há remédio nesta terra.
Estou enlouquecendo, Senhor.

Nenhum comentário: